BRADESCO

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Para o projeto do novo departamento de sustentabilidade do Bradesco a solicitação foi de que pensássemos em um novo espaço de uso colaborativo e flexível para a retomada dos trabalhos num modelo híbrido. Além disso, seria o espaço de posicionamento institucional, com o olhar na sustentabilidade ambiental e ecológica, priorizando o desenvolvimento social e as soluções nacionais.

A partir dessa demanda, buscamos traduzir a percepção de sustentabilidade como algo para além da matéria, através de sensações e emoções num espaço que fosse facilmente apropriável pelo usuário.

Ser sustentável vem principalmente como um cuidado consigo mesmo e com o outro, é expandir conhecimento e fundir culturas. Temos uma relação ancestral com os elementos naturais e nesse sentido, vivenciar um espaço com sensibilidade nos aproxima da nossa essência, nos humaniza.

Pensar em design é pensar numa arqueologia de camadas, histórias, afeto, natureza. E foi por esse caminho que nosso conceito seguiu seu desenho. Partimos do desenho de fluxo e de camadas, onde todos os elementos foram pensados para além da função, mas apostando no movimento, na tecnologia, na liberdade e na espontaneidade de ocupação – numa saudável percepção de abertura das relações.

Localizada no térreo do Prédio Azul, se fez importante que de alguma forma nossa área de intervenção criasse uma relação mais próxima entre interior e exterior. Pensando nisso, a diagonal que define o primeiro contato com o espaço conduz o olhar à fachada e ao sol nascente e, principalmente acolhe e direciona o fluxo.

Recepção, 26 postos de trabalho, espaço para café, reuniões e encontros informais foram as solicitações de programa, dando a direção ao desenho.

Uma linha contínua se expande, ao mesmo tempo que limita o ambiente – ora estante, ora vidro, ora módulos de reunião – enquanto jardins, mesas e cápsulas dão o tom da ocupação de forma leve, dinâmica e diversa. Cores, texturas, plantas, projeções incorporam arte, ecologia e poesia, porque se sentir bem é ser sustentável!

Entender essa relação do usuário com o espaço e do que este espaço é capaz de proporcionar como vivência foi o que nos guiou ao desenhar o projeto. Apoiados no entendimento de que deveríamos trabalhar com elementos naturais, duráveis, reciclados ou de refugo, produzidos por pequenas empresas ou artesãos e que fomentassem a economia circular.

Partimos de algumas premissas: tudo seria pensado como design autoral; não teríamos nenhuma parede construída; todos os materiais utilizados seriam naturais, artesanais, reciclados e com redução de emissão de carbono; iluminação natural; muitas plantas e tecnologia embarcada de forma intuitiva.

Marcado por uma projeção imersiva, o lounge de entrada está aberto à circulação dos demais colaboradores e através dele a área de sustentabilidade é acessada. Assumimos parte do piso metálico existente aparente, que recebe a aplicação de carpete de alta tecnologia nas extremidades e reforça a diagonal desenhada.  Camadas de tapetes do acervo do cliente e de garimpo se sobrepõem a essa composição.

A marcenaria, toda em madeira natural, é o que traz a percepção construtiva do espaço. É ela que cria os contornos da ocupação e define usos e movimento, limita e marca a continuidade do traço, sem tocar o forro já que a ideia é assumir uma intervenção limpa e espontânea.

Requadros com vidro garantem transparência e visibilidade, seguidos por uma estante em madeira com portas em fórmica de refugo e por um módulo que acomoda áreas de encontro e reunião. Esse módulo, com estrutura em madeira, tem todas as suas faces “macias”, fechadas com tecido de pet 100% reciclado, inclusive no forro, que se intercala entre liso e ripado, garantindo conforto acústico e térmico.

As mesas foram desenhadas especialmente para esse projeto, com pés cilíndricos e tampos arredondados. Alguns tampos revestidos em lâmina de madeira natural de refugo e outros revestidos com ladrilhos plásticos, com cores e texturas que foram desenvolvidas em parceria com o fornecedor.

Esse ladrilho é composto por elementos plásticos (cadeiras, embalagens, botões, etc) que iriam para o lixo, mas que foram transformadas através do design e da tecnologia. Com isso fomentamos a economia circular e tratamos da cadeia de reciclagem e do meio ambiente.

Uma cápsula redonda para conversas individuais também ganha esse revestimento plástico, agora em formas de ripa. Ela participa como elemento importante para a organização e proporção do espaço, em contraposição e complemento aos jardins curvos rebaixados no piso. Trazem uma topografia própria e estimulam a dinâmica de ocupação.

O café ganha uma grande ilha em aço inox e área de projeção. Dessa forma participa como espaço colaborativo e interativo para eventos e reuniões, fortalecendo a percepção de um espaço aberto e inclusivo.

Mobiliários foram escolhidos principalmente pelo impacto social: design autoral brasileiro, fibras naturais, acabamentos reciclados, empresas de pequeno porte e/ou familiares. Em complemento a isso, desenhamos e desenvolvemos aproximadamente 70% dos produtos utilizados.

O teto “céu azul” coroa o espaço, potencializando a relação com o exterior e trazendo conforto visual e emocional. Globos dimerizáveis iluminam o ambiente com delicadeza trazendo liberdade ao usuário para o controle de luz – tecnologia aplicada ao bem-estar, ao mesmo tempo que cria no imaginário do usuário uma ideia de praça e de relação com o espaço público.

Talvez o grande desafio tenha sido defender que investir em materiais naturais e de qualidade geram menos impacto ambiental, porque são mais duráveis, embarcam uma mão de obra mais comprometida e artesanal, fomenta a criação e desenvolvimento de novos produtos, gerando inteligência e aplicando conhecimento.

Apostar e investir no design autoral é capaz de transformar relações de produção, distribuindo renda e construindo espaços com mais significado, e esse valor agregado é intangível e fundamental para qualquer posicionamento de futuro. O design olha para futuros possíveis!

Local: Cidade de Deus, Osasco, SP
Data de projeto: 2022
Data da obra: 2022
Área: 192 m²
Execução: Sempre Engenharia
Fotografia: Felco

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