Capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Quilombo Ivaporunduva, Eldorado – São Paulo
2018, 150m²

A Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos pertence à Comunidade Quilombola de Ivaporunduva, localizada às margens do Rio Ribeira do Iguape, na zona rural do município paulista de Eldorado. Datada do século XVIII, a Capela construída em adobe e pedra canjicada, foi tombada pelo Condephaat em junho de 1979 por seu valor histórico e cultural.

A ermida marca a bela paisagem ribeirinha de Ivaporonduva e é utilizada pelos moradores do Quilombo, servindo de referência identitária, social e cultural. Além da missa mensal, são realizados casamentos e batizados, encontros e festas diversas da comunidade.

FICHA TÉCNICA
Local: Quilombo Ivaporunduva, Eldorado – São Paulo
Projeto: 2018 Obra: 2022
Área: 150m²
Contratante: Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo
Arquitetura: Gema
Arquitetas: Nara Grossi, Joseana Costa
Arquiteta coordenadora: Giuliana Mora
Equipe: Bárbara Olyntho, Raymara Gama
Historiador: Vanessa Vasconcelos
Estrutural: Waldir Pomponio
Fotos: Joca Duarte
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Esse importante bem cultural é mantido pela própria comunidade. A limpeza é realizada semanalmente por grupos previamente organizados. Apesar de todo o zelo, a Capela necessitava de intervenções urgentes.
Cobertura e instalações elétricas apresentavam situação alarmante e colocavam em risco integridade do bem. Pisos, forros, esquadrias e demais instalações prediais demandavam intervenções para requalificar o espaço. E o entorno do bem não corroborava com sua valorização uma vez que a iluminação era precária e os equipamentos urbanos encontravam-se em estado precário.
O projeto desenvolveu-se respeitando a premissa da mínima intervenção necessária para devolver o espaço com qualidade e segurança adequadas ao uso da comunidade.

1. Capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, 2. Rio Ribeira de Iguape, 3. Ribeirão Ivaporunduva

Toda a cobertura foi revisada, tanto manto quanto estrutura. As paredes de adobe apresentavam pontos de avançada deterioração. A reintengração aconteceu com materiais de mesma natureza e traços de argamassa compatíveis aos encontrados no local.

As esquadrias de madeira também foram restauradas em oficina montada na própria Capela, assim como o forro. A escada do coro estava desprovida de guarda corpo que foi reproduzido de acordo com o existente no mezanino. A mesma conduta foi adotada para a cancela do altar.

A maior intervenção foi o novo piso executado. Até a década de 1970, o interior da Capela era de chão batido quando foi coberta de cimento. Este simples cimentado foi precariamente mantido ao longo dos anos. A substituição proposta utilizou tijolos maciços em uma paginação integrada ao cimento queimado, criando requadros distribuídos simetricamente na nave. O tom dos tijolos lembra a terra batida, presente na memória coletiva e os requadros fazem referência a campas, tão tradicionais nos espaços sacros católicos do período colonial.
O projeto foi uma grande oportunidade para documentar o bem edificado preservado. Além das fotografias e descrições textuais, a representação gráfica contemplou técnicas de manufatura empregadas.
A obra foi entregue em outubro de 2022 e a comunidade retomou com entusiasmo as atividades rotineiras e celebrações. Além do restabelecimento da arquitetura, iluminação interna e externa foram requalificadas para garantir a retomada da apropriação com todo o seu potencial.

1. NAVE, 2. CAPELA MOR, 3. RETÁBULO, 4. CORO