Enjoei

São Paulo, São Paulo
2024, 2.100m²

O edifício Copan – um dos prédios mais famosos do país e ícone da produção de Oscar Niemeyer – vai receber a nova sede do Grupo Enjoei, empresa que nasceu na internet há 15 anos conectando pessoas para compra e venda de produtos online.

A sede vai ocupar 2.000 m² no terraço do edifício, situado na laje de transição entre o embasamento comercial e de serviços e a torre de apartamentos. Originalmente, o terraço foi idealizado pelo arquiteto como um jardim elevado, um piso que seria continuidade da rua, sem fechamentos laterais, com bancos, jardins e até uma floricultura.

Pesquisar e entender o histórico do Copan, vislumbrar o centro de São Paulo como potência para um futuro mais diverso e democrático e, ao mesmo tempo, afirmar o forte desejo do Enjoei de se conectar com a história e a diversidade urbana ao migrar para a região central foram constatações que fundamentaram nosso conceito de projeto para esse espaço.

FICHA TÉCNICA
Local: São Paulo, São Paulo
Projeto: 2024 Obra: 2024
Área: 2.100m²
Arquitetura: Gema
Arquitetas: Nara Grossi, Joseana Costa
Direção criativa: Nara Grossi
Arquiteta coordenadora: Giuliana Mora
Equipe: Barbara Olyntho, Ana Koga, Tamires Bibbó
Execução: BeFive Engenharia
Fotografia: João Paulo Prado

Atrelamos camadas de realidade, desejo, poesia, cidade, somado ao extenso programa do novo escritório, sem perder de vista a busca por espontaneidade no desenho dentro de um espaço tão sólido e definido.

A forte relação com a rua e com a cidade, o ritmo dos grandes pilares que trazem profundidade e movimento na percepção espacial, a vibração da curva da esquina como ponto de encontro, a varanda como área permeável de visuais e respiro: tudo isso foi pauta de investigação de linguagens para a nova ocupação.

Assumimos que a varanda é rua e é ela que conduz o acesso à entrada principal do escritório, no ponto central e de menor raio no traçado da curva: ao entrar, você enxerga o espaço em toda a sua monumentalidade.

Um acesso secundário se dá à direita da planta, próxima ao elevador. A ideia aqui foi criar uma rua interna e proporcionar tensões ao entrar no espaço. Nesse acesso a percepção se dá em movimento, ritmado pelos grandes pilares internos e um espaço que vai se mostrando aos poucos.

Definidas as duas ruas – a varanda externa e a passarela interna – temos a grande área entre elas, que se localiza entre o perímetro da fachada de vidro e os grandes pilares, e é aí que todo o ecossistema para os colaboradores acontece: próximo à luz natural, com relação e contato direto com as “ruas”.

Três salas-cápsulas rompem a extensão desse espaço sem interrompê-lo e manejam a distribuição das mesas de trabalho. Importante dizer que as novas salas fechadas são em drywall com aberturas especiais e soltas do teto. Não fazia sentido pensar em novas salas em vidro já que toda a nossa fachada tem transparência. Com essa decisão, reduzimos custo, melhoramos a solução acústica e, principalmente, trazemos uma escala mais íntima na ocupação dos espaços.

Os grandes pilares existentes na parte interna (cada um deles tem mais de 2m² de área de seção) terão o acabamento em pintura branca mantido. Descascá-los para chegar no concreto seria uma solução cara, demorada e com resultado visual menos vibrante. Listras em cor e faixas de espelho com paginação específica trazem o frescor e ativam o ritmo que buscamos no projeto. Três destes pilares terão sua base alargada para conformação de bancos e serão revestidos em tecido reciclado para serem identificados como ponto de trabalho e reuniões informais.

Definido o uso nessa grande área entre pilares, organizamos a parte posterior do espaço. Com os limites de fundo irregular e nenhuma iluminação natural, trouxemos para o alinhamento da rua interna salas fechadas, brancas e soltas do teto, como forma de organizar esse plano de fundo, numa reinterpretação das galerias do térreo do edifício.

A galeria conduz o percurso da rua interna, com elementos construtivos que se repetem, trazendo legibilidade e organizando o olhar. E esse caminho culmina na esquina curva onde acontece o ponto de encontro, de troca de conhecimento, delimitando a sala do conselho, o piano e a cozinha que se abre para a varanda fechando o ciclo nesse fluxo de vivência do espaço.

A predominância do branco na base do desenho – pilares internos, teto, infraestrutura, cápsulas, marcenaria – prepara o ambiente desejado: flutuante, aberto ao novo e com o olhar para o futuro. Recuperar e manter o contrapiso existente garantiu a economia em uma grande área de revestimentos além do que criamos um contraponto entre a rusticidade do piso cinza e a maciez dos tapetes das salas fechadas, desenhados exclusivamente para o projeto. O aço galvanizado bruto no volume do café e cabines de reunião individual apoiam a rusticidade do piso e evidenciam a ideia da imperfeição, em contraste com a pureza do branco.

O projeto traz uma lógica de ocupação onde se buscou o impacto físico e emocional através do entendimento das escalas, da leveza de fluxo e do contraste entre tempos e materialidade. Um espaço calmo, silencioso, inovador, capaz de transformar a vivência diária com qualidade e bem-estar, agregando valor na produção intelectual.

O Enjoei, uma empresa corajosa e cheia de frescor, se encontra com a qualidade arquitetônica, a solidez icônica e a diversidade do Copan. Essas características se misturam e se fortalecem, com olhar para a cidade e para o futuro.

1. RECEPÇÃO | 2. MESAS DE TRABALHO | 3. SALA DE REUNIÃO | 4. SALA DE REUNIÃO CONSELHO | 5. SALA EXECUTIVOS | 6. CABINE DE CALL | 7. LOUNGE | 8. ESTÚDIO | 9. W.C. | 10. COZINHA/COPA | 11. D.M.L. | 12. DEPÓSITO ARQUIVOS | 13. DEPÓSITO TECNOLOGIA | 14. DEPÓSITO CAIXAS | 15. DEPÓSITO | 16. C.P.D. | 17. VARANDA | 18. HALL CORPORATIVO