Mariana é uma das joias coloniais de Minas Gerais e o tombamento do seu sítio histórico consta da lista das primeiras ações do IPHAN logo que foi criado. O Jardim de Mariana, cujo nome oficial é Praça Gomes Freire, está no centro do sítio tombado e nosso projeto veio como uma intervenção importante e necessária nesse equipamento urbano tão sensível e caro aos seus usuários.
O trabalho de requalificação partiu de uma pesquisa completa e cuidadosa sobre a história da praça, da evolução do seu desenho urbano, da relação com o entorno imediato e com o sítio de forma geral, além das diversas formas de apropriação existentes no espaço e avaliação de seu estado de conservação.
O estado em que o jardim se encontrava antes de nossa intervenção era consequência de uma série de sobreposições ao longo dos anos, com elementos históricos pouco valorizados, jardins danificados e desordenados que não valorizavam as relações visuais com o entorno, iluminação ineficiente, mobiliário inadequado e ausência de acessibilidade por toda a praça.
O projeto veio para requalificar o Jardim a partir da compreensão das necessidades contemporâneas referentes à funcionalidade, sustentabilidade, atualização tecnológica,
acessibilidade e democratização do espaço público, respeitando seu desenho original, fluxo e
demais elementos, trazendo o novo como modificações pontuais e quase cirúrgicas.
Tivemos como premissa a preservação do desenho dos canteiros e o resgate de espécies de plantas que tivessem valor simbólico-afetivo para os marianenses como as roseiras e hortênsias. Uma nova proposta de paisagismo elimina obstáculos visuais, ampliando as visadas gerais e aumentando a conexão da praça com seu entorno e entre os usuários.
A partir da nova topografia na relação com as plantas e as sensações de fluxo, o projeto definiu os novos revestimentos, elementos de iluminação,
rampas de acesso, travessias, bem como a restauração de elementos importantes historicamente como o busto de Gomes Freire, o bebedouro de cavalos e o coreto – nosso queridinho – que teve toda sua estrutura recuperada.
Buscamos assim potencializar a relação entre patrimônio, cidade e natureza, onde relações as de afeto e de história se estabeleçam com dinamismo e respeito, de forma cuidadosa e inclusiva.